04/03/2010

Médico é indiciado por homicídio de ambientalista

 

O médico ortopedista Homero Rodrigues da Silva Neto, 39 anos, envolvido no acidente que resultou na morte da ambientalista Ludmila Mirele da Silva, 27, foi indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e por uso de entorpecentes. O inquérito do caso foi concluído e apresentado à imprensa na manhã desta quarta-feira pelo titular da delegacia do Varadouro, em Olinda, Erivaldo Guerra.


Ao todo, dez pessoas foram ouvidas pela polícia em uma investigação que durou um mês. De acordo com o delegado, a perícia, que apontou quem estava conduzindo o veículo, não foi conclusiva e bate de frente com o depoimento da principal testemunha do caso, o vendedor Luís Adolpho Alves de Araújo. “O que temos são indícios de que Ludmila dirigia o carro. Isso por conta de fios de cabelo. Mas Dodô (Luís Adolpho) afirma que foi deixado em casa (nos Aflitos) pelo médico e que foi ele quem deixou o local dirigindo em direção a Olinda”, relatou.

Erivaldo Guerra ainda afirma que os depoimentos são contraditórios, mas que a ‘culpa’ do homicídio está caracterizada independente de quem estava ao volante. “Não acredito que eles (Ludmila e Homero) tenham parado para trocar de posição no carro e o depoimento do Dodô confirma esta suspeita. De qualquer forma, o veículo era dele e mesmo que ele tenha decidido passar as chaves a uma pessoa que também estava alcoolizada, foi caracterizada a imprudência”, avalia.

Toda a documentação deve seguir ainda hoje para o Ministério Público de Pernambuco, que vai apreciar se aceita a denúncia de homicídio culposo. Caberá ao órgão decidir se há a necessidade de uma nova perícia, se houve dolo eventual ou se o caso será arquivado.

O crime foi enquadrado no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro e pode resultar de 2 a 4 anos de detenção. O consumo da cocaína encontrada no veículo por parte do médico foi presumido, já que a droga estava no carro de sua propriedade, e pode render ao ortopedista desde uma advertência até a obrigação de prestação de serviços comunitários. No entanto, as penas podem ser reduzidas, tendo em vista que o ortopedista é um réu primário.

O caso - A ambientalista faleceu no dia 2 de fevereiro, no Complexo de Salgadinho, em Olinda, quando o carro modelo Corolla, invadiu o alambrado, percorrendo cerca de 20 metros do interior do Parque Memorial Arcoverde. Com o impacto, a ambientalista, que estava alcoolizada, chegou a ser decapitada. A perícia indica que Ludmila Mirele conduzia o carro, que transitava em alta velocidade ao passar o viaduto que liga Recife a Olinda. Uma testemunha, deixada em casa pelos dois, minutos antes, contesta essa versão, afirmando que o ortopedista estava ao volante.

No local do acidente, foram encontradas pílulas de Viagra, uma garrafa de Whisky consumida, além de 23g de cocaína. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, Homero Rodrigues tinha faltado um plantão de 24h no Hospital João Murilo de Oliveira, em Vitória de Santo Antão.

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