04/02/2010

Médico faltou ao plantão no dia do acidente

 

O ortopedista-traumatologista Homero Rodrigues da Silva Neto, 39 anos, envolvido no acidente de trânsito que resultou na morte da ambientalista Ludmila Mirelle Inácio da Silva, 27, na madrugada da última terça-feira, no Complexo de Salgadinho, em Olinda, faltou ao plantão naquele dia. Ele estava escalado para trabalhar no Hospital João Murilo de Oliveira, no município de Vitória de Santo Antão, das 7h da segunda-feira às 7h da terça-feira, mas não apareceu, nem deu satisfação à direção do hospital, segundo assegurou ontem a Secretaria Estadual de Saúde (SES). A SES determinou que o setor de recursos humanos da unidade de saúde faça um levantamento das ausências sem justificativas cometidas pelo médico nos últimos três meses. Segundo a secretaria, o ortopedista, que é concursado, pode ser desligado do serviço público se forem comprovadas mais de três faltas sucessivas sem explicações.

A secretaria recebeu denúncias de que o médico costumava faltar com frequência aos plantões. No acidente, Homero Neto sofreu fraturas e permanece internado no Hospital Esperança, sem previsão de alta, mas não corre risco de morte. Já o corpo de Ludmila Mirelle foi sepultado ontem ao meio-dia no Cemitério de Santo Amaro. Após o acidente, peritos do Instituto de Criminalística encontraram no carro do profissional uma garrafa de uísque praticamente vazia, um pó branco e duas caixas de Viagra. Tudo está em análise.

URBANA1_1 Peritos acreditam que o carro vinha em alta velocidade, a mais de 120 quilômetros por hora, quando capotou no viaduto que liga Recife a Olinda, derrubou uma árvore e parou no Espaço Ciência. A jovem teve a cabeça decepada, tamanho impacto. A polícia está investigando quem dirigia o veículo: se o médico ou a ambientalista. E, ainda, se essa pessoa tinha ingerido bebida alcoólica. O último registro que a família da jovem tem é o pagamento de uma conta no Bar Marola, em Olinda, às 22h57. O capotamento ocorreu por volta das 4h30.


De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, na madrugada em que aconteceu o acidente, foi necessário transferir pacientes porque o ortopedista seria o único de plantão no hospital em Vitória de Santo Antão. O médico era escalado para quatro plantões por mês e recebia R$ 4,2 mil/mês. A Secretaria de Saúde informou que há o estatuto do servidor público. Na primeira falta sem justificativa, o profissional recebe uma advertência. Na segunda, perde a gratificação. Na terceira, é suspenso. E, por fim, desligado do serviço público.


O Hospital João Murilo Oliveira possui 95 leitos e chega a atender 18 municípios da região, mais de 400 pacientes por dia. A direção do hospital não prestou nenhuma declaração sobre o profissional. O Diario procurou por telefone o escritório do advogado do ortopedista, Luiz Cláudio Farina, e foi atendido por outra advogada identificada por Mariana. Ela prometeu retornar a ligação, mas até o fechamento desta edição, às 20h, não houve retorno.

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