14/01/2010

Mãe de Manoel Mattos é perseguida em estrada

 

Nair Ávila dos Anjos, 66 anos, mãe do advogado e militante do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, Manoel Matos, foi vítima de uma perseguição, na última terça-feira, nas imediações do município de Itambé, na Mata Norte do estado. Ela voltava da cidade de Pedras de Fogo, na Paraíba, após o adiamento de uma audiência do processo de julgamento dos acusados de assassinar Manoel Matos, acompanhada pela filha, que dirigia o veículo. Atrás, o genro as acompanhava, em outro automóvel, e percebeu a movimentação de um Fiat Uno, de cor prata, que seguia os dois carros. Assustados, eles pararam em um posto de combustíveis e acionaram a Secretaria de Defesa Social (SDS), que enviou policiais para acompanhá-los até o Recife. O episódio fez o Movimento Nacional de Direitos Humanos em Pernambuco reforçar o pedido de federalização do caso.

Essa foi a segunda vez que a mãe do ativista foi ameaçada. Na primeira, o próprio Manoel Matos recebeu uma carta anônima informando que a mãe seria morta. Nair Ávila contou que não conseguiu anotar a placa do carro, mas disse que percebeu que havia dois homens no veículo. "Eles vinham com vidro aberto, mas quando paramos no posto e eles passaram por nós, percebi que estavam com as janelas fechadas", afirmou. Diante da situação, ela disse que está temerosa e que deve ficar em casa pelo menos nos próximos dias. "Agora, enquanto estou presa dentro de casa, o mandante da morte do meu filho estava solto, sem algemas, no Fórum de Pedras de Fogo", ressaltou, referindo-se ao sargento da Polícia Militar Flávio Inácio Pereira. A audiência foi adiada porque o juiz do caso está de férias e não havia substituto.

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A intenção de Nair Ávila é que, nas próximas audiências, marcadas para as cidades de Pedras de Fogo e Itambé, em Pernambuco, ela seja escoltada pela polícia. "Não tenho mais segurança para ir só", afirmou. A mãe de Manoel Matos e representantes do Movimento Nacional de Direitos Humanos vão formalizar o pedido de escolta à SDS nos próximos dias.


O coordenador estadual do Movimento Nacional dosDireitos Humanos em Pernambuco, Manoel Moraes, disse que são situações como essa que reforçam a necessidade de federalização do caso. "O clima nas cidades é muito tenso. Se for federalizado, o julgamento não acontecerá lá. Contaríamos com o apoio da Polícia Federal e certamente haveria uma redução da tensão na cidade", afirmou. Segundo ele, a relatora do processo que pede a federalização, a ministra do Superior Tribunal de Justiça Laurita Vaz, já deu parecer favorável para que o caso seja julgado na esfera federal. Resta apenas o posicionamento dos demais ministros.


Manoel Matos foi morto em janeiro de 2009, na Praia Azul, na Paraíba. Ele estava na sua casa de veraneio com a família quando dois homens encapuzados invadiram a residência e atiraram várias vezes contra ele. Entre os acusados, estão policiais militares e pessoas que foram denunciadas pelo advogado por crimes contra os direitos humanos.

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